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Jeep Renegade: o aventureiro com pedigree

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Por Carina Mazarotto, de San José, Califórnia

O casarão abandonado é um convite irrecusável para uma parada nesse dia chuvoso, no norte da Califórnia. Desviamos o caminho do test-drive para registrar o Renegade no cenário inóspito, descoberto pelos olhos atentos de Guilber Hidaka, fotógrafo do Bufalos, em plena estrada. Assim como o casarão, os Estados Unidos são apenas um plano de fundo para o Jeep Renegade.

Nem a gelada Auburn Hills, cidade que abriga o coração da Chrysler em Michigan, supera a importância de Goiana, em Pernambuco, onde está localizada a nova fábrica do grupo Fiat-Chrysler, que iniciou a produção do SUV nessa quinta-feira, dia 19. Trata-se da primeira planta da Jeep fora dos Estados Unidos. É de lá que sairão os milhares de Renegade para todo o país e vizinhos da América Latina.

Jeep Renegade (Foto: Guilber Hidaka/Bufalos TV)

Nos EUA, Jeep Renegade é apenas coadjuvante. Importância está no Brasil (Foto: GH/Bufalos)

Aos olhos da América, o Renegade made in Italy, primeiro país a fabricar o SUV, de onde é importado para o mercado norte-americano, desperta curiosidade. “É um Jeep zero? Que modelo é esse?”, perguntaram dois ou três curiosos durante o test-drive. Depois de Itália e Brasil, a China será a terceira fabricante do novo jipe global. Mais de 100 países vão receber o SUV compacto.

O Renegade chega às lojas abril, nas três versões: Sport, Longitude (que em outros mercados será chamada de Latitude) e Trailhawk. Nos três modelos, será possível optar pela tração 4×4 – apenas na topo de linha Trailhawk não existe opção de 4×2 dianteira.

Os preços são guardados a sete chaves, e serão revelados no final de março, durante evento de lançamento no Brasil. Mas as especulações continuam sobre a faixa dos R$ 68 mil e R$ 110 mil, na qual a competitividade será acirrada no segmento de SUVs compactos. O EcoSport, principal rival, custa a partir de R$ 66,2 mil na versão com motor 1.6 Flex e tração 4×2. Nos Estados Unidos, o Renegade custa de US$ 17,9 mil a US$ 25,9 mil (de R$ 51 mil a R$ 74,5 mil, sem impostos).

Jeep Renegade (Foto: Guilber Hidaka/Bufalos)

O desenho do''X'' na lanterna foi inspirado nos galões do velho Willys (Foto: GH/Bufalos)

Motorização
Como antecipado no ano passado, o Renegade será oferecido no Brasil com dois motores: 1.8 eTorQ Flex, de 132 cavalos, que sofreu algumas modificações em relação ao propulsor que equipa o Bravo, e um 2.0 turbodiesel de 170 cavalos e 35,7 kgfm de torque, este sempre acoplado ao câmbio automático de nove marchas, o mesmo do Jeep Cherokee.

Nas versões com motor flex, também há opções de câmbio manual de cinco marchas e automático de seis. No caso do modelo básico Sport, serão oferecidas as três opções de transmissão (o automático de nove marchas sempre com o motor 2.0 turbodiesel), já a intermediária Longitude trará apenas opções de automático (seis com o motor 1.8 Flex e nove velocidades com o 2.0). Para a topo de linha Trailhawk, a oferta será exclusiva do câmbio automático de nove marchas, sempre com o motor 2.0 e na configuração de tração 4×4 com reduzida.

On the road
É com ele, o câmbio de nove marchas, que seguimos viagem. A diferença é que aqui na Califórnia rodamos em um motor 2.4 litros a gasolina, opção para o mercado norte-americano, e no Brasil teremos essa transmissão somente nas versões com  motor 2.0 turbodiesel. Além disso, o motor 2.4 por enquanto não será oferecido no Brasil.  Outro motor que vai rodar por terras americanas é o 1.4 MultiAir turbo a gasolina (que já conhecemos no Fiat 500 como flex), acoplado ao câmbio manual de seis marchas, mas que ainda não foi confirmado para o mercado brasileiro.

Jeep Renegade (Foto: Guilber Hidaka/Bufalos)

Jeep Renegade (Foto: Guilber Hidaka/Bufalos)

Com alavanca do câmbio nove marchas posicionada no D, mal dá para notar com qual marcha o Renegade está nos levando – não fosse o conta-giros revelar a baixa rotação da oitava ou nona marcha em velocidades mais altas na estrada, que favorecem a economia de combustível. Retomadas? Basta pisar um pouco mais forte e ele responde rápido, sem o menor sinal de solavanco. As trocas são bem sutis e silenciosas nessa versão norte-americana com motor 2.4 a gasolina. Para trocá-las de forma manual, é preciso empurrar a alavanca para a esquerda – não existem opções de trocas por aletas atrás do volante, pelo menos aqui nos Estados Unidos, item que faz falta na estrada.

Ao volante, a impressão é a de estar em um carro extremamente compacto. Ok, estamos dirigindo em meio aos grandalhões norte-americanos, e isso pode reforçar essa sensação. Mas a boa posição de dirigir e a facilidade nas manobras (o Renegade traz direção elétrica de série em todas as versões) reforça a personalidade do Jeep.

O espaço interno também é bom para quatro adultos. O jipe tem 2,57 metros de entre-eixos, superior ao principal rival, EcoSport, com 2,52 metros. Já o porta-malas não é um dos melhores da categoria. O Renegade oferece capacidade de 350 litros, menor que a dos rivais EcoSport (362 l) e Duster (457l).

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No Brasil, interior deverá seguir esse padrão de acabamento (Foto: Divulgação/Jeep)

Na versão disponibilizada para nossa produção, chamada de Longitude no Brasil e Latitude aqui nos Estados Unidos e outros mercados – e que promete ser a mais vendida entre as três -, o banco do motorista traz ajustes manuais de altura e ajuste do banco, enquanto o volante em couro tem comandos do som e bluetooth, item que também estará disponível em todas as versões a serem vendidas no Brasil.

Painel de instrumentos com tela digital (Foto: Divulgação/Jeep)

Painel de instrumentos com tela digital (Foto: Divulgação/Jeep)

Serão oferecidas telas de 5 e 6,5 polegadas no Brasil (Foto: Divulgação/Jeep)

Serão oferecidas telas de 5 e 6,5 polegadas no Brasil (Foto: Divulgação/Jeep)

O painel de instrumentos traz tela de sete polegadas, com diversos gráficos e elementos digitais, além de informações sobre a viagem no computador de bordo. No centro do painel, uma tela touch screen de cinco polegadas traz o sistema multimídia, que traz USB, entrada auxiliar e bluetooth. No Brasil, haverá opções de tela de 5 polegadas, como a que mostramos no vídeo, e também de 6,5 polegadas para os modelos topo de linha. As configurações de cores do interior e combinação de materiais do acabamento ainda não foram confirmadas para o Brasil.

Outro destaque da lista de equipamentos opcionais é o teto solar, inspirado nos primeiros Jeep Willys de 1941, com duas opções de configuração: é possível retirar as duas partes completamente, ou apenas retrair uma delas. A versão intermediária que experimentamos não trazia esse item, por isso não foi possível experimentar o funcionamento.

Teto removível em duas partes (Foto: Divulgação/Jeep)

Teto removível em duas partes (Foto: Divulgação/Jeep)

On the rocks
Quando veste sua roupa 4×4, que estará disponível em todas as versões no mercado brasileiro, o Renegade se transforma. Durante o test-drive, experimentamos a Trailhawk, topo de linha, que tem suspensão mais elevada que as demais em dois centímetros, além de outras características que a tornam mais aventureira, como os ganchos de reboque dianteiros e traseiros e rodas exclusivas de 17 polegadas.

Trailhawk traz detalhes exclusivos, como os ganchos de reboque (Foto: Divulgação/Jeep)

Trailhawk traz detalhes exclusivos, como os ganchos de reboque (Foto: Divulgação/Jeep)

Rodas de 17 polegadas (Foto: Divulgação/Jeep)

Rodas de 17 polegadas (Foto: Divulgação/Jeep)

Reduzida e Select-Terrain são acionados eletronicamente (Foto: Divulgação/Jeep)

Reduzida e Select-Terrain são acionados eletronicamente (Foto: Divulgação/Jeep)

Sistema inteligente ativado pelo botão giratório no painel, reduzida ativada. Um guia me direciona para os atalhos de uma pequena trilha off-road montada durante o test-drive. A combinação entre tração 4×4  com reduzida (20:1), bloqueio de diferencial traseiro e sistema Select Terrain (o SUV se adapta a cinco diferentes tipos de terreno: automático, neve, areia, lama e pedras) transforma o compacto em jipe de verdade. E em poucos minutos a sensação é a de estar dirigindo um Cherokee ou outro modelo de maior porte. O Jeep passa fácil pelos obstáculos.

Além da suspensão mais elevada que os demais modelos, o Trailhawk também tem ângulos de entrada e saída mais generosos, que o tornam mais valente na terra. O ângulo de entrada é de 30,5 graus, enquanto o de saída é de 34 graus. A capacidade de imersão na água, considerando uma velocidade de até 8 km/h, é de 482 mm, menor do que a do que EcoSport, que enfrenta trechos de até 550 milímetros.

Foto: Divulgação/Jeep

Trailhawk é modelo mais preparado para a trilha (Foto: Divulgação/Jeep)

Os detalhes sobre acabamento interno, desenhos das rodas (é certo que teremos opções de 16, 17 e 18 polegadas), combinações de cores, ficha técnica completa e preços serão revelados somente no final de março, quando a Jeep vai lançar o modelo para os jornalistas especializados no Brasil.

Até lá, fica a expectativa pelo preço competitivo prometido pela Jeep – será a estratégia fatal para expandir seu volume de vendas e transformar o Renegade no rival mais importante do Ford EcoSport.

Versões do Jeep Renegade:

Sport
Motores: 1.8 etorQ Flex e 2.0 turbodiesel
Câmbio: manual de cinco e automático de seis para o motor 1.8 ou automático de nove, quando equipado com motor 2.0 turbodiesel
Tração 4×2 ou 4×4

Longitude
Motores: 1.8 etorQ Flex e 2.0 turbodiesel
Câmbio: automático de seis (1.8 Flex) ou de nove velocidades (2.0 turbodiesel)
Tração 4×2 ou 4×4

Trailhawk
Motor: 2.0 turbodiesel
Câmbio: Automático de nove marchas
Tração 4×4

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